quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Xintoísmo no Japão


Xintoísmo é o nome dado à espiritualidade tradicional do Japão. A origem de seu nome, que significa “Caminho dos Deuses”, vem da palavra Shinto, que possui a formação morfológica baseada na junção de dois kanjis: Shin ()-kami (deus/deuses) e ()-caminho.
Em suma, o xintoísmo consiste em uma religião politeísta que tem como alvo de culto elementos da natureza e culto aos ancestrais. Sua base religiosa está fundamentada na pureza de rituais, purificação do que lidam com os kami** e na honra e celebração da existência dos destes.


Um pouco de história...
O Xintoísmo é provavelmente a religião mais antiga do Japão. Sua prática, apesar de arcaica, existe antes da implantação do cultivo do arroz no período Yayoi (300a.C.~ 300d.C.). Durante este período, o Xintoísmo ainda era composto basicamente de rituais agrícolas e festivais, além da adoração a elementos da natureza, como a chuva e relâmpagos.
Com a entrada do budismo no arquipélago em meados do século VI, a religião começou a se organizar. Essa formalização se iniciou com a ajuda de vários clãs mais influentes no Japão. Mas, à medida que os Yamato tomavam o poder, esse processo se deu de uma forma mais sucinta. Com a criação da casa imperial e o Kojiki*, seu desenvolvimento foi garantido a longo prazo.


O budismo no xintoísmo.
O budismo foi introduzido no arquipélago no século VI. Vindo de sua vizinha, a Coreia. Apresentado ao imperador, o budismo, apesar se algumas resistências iniciais, como toda religião diferente, triunfou sobre a religião tradicional, tendo colaborado para a ratificação do poder imperial com o apoio dos governantes locais.
No entanto, a tendência, e mais de acordo com a filosofia Oriental, foi de fundir as duas religiões, mas com destaque ao budismo.
Durante muitos séculos, o budismo impôs sua influência, se sobressaindo em relação ao xintoísmo.
No decorrer dos séculos XVI-XVII, o Japão viveu um momento renascentista, com o consequente afastamento das influências estrangeiras. Apesar de o budismo não ter perdido seu “brilho”, ele foi colocado em segundo plano, devido aos movimentos nacionalistas que estavam ocorrendo no momento e que atingiria seu auge no período seguinte (Era Meiji).
Durante a Era Meiji, no esplendor do nacionalismo japonês, o xintoísmo, como já era esperado, foi escolhido como religião oficial do império, criando assim, o xintoísmo de Estado.
O xintoísmo estatal caracteriza-se pela sacralização do Estado. Devido a isso, o xintoísmo foi despido de seu caráter religioso para se tornar um dever cívico de reverência ao Estado e ao imperador.
Essa espécie de governo, vigorou por algumas décadas. Com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, esse processo começou a decair. Em 1946, foi proclamada uma nova Constituição, destituindo o imperador de seu poder divino e tornando-o apenas um símbolo de unidade nacional.

*O Kojiki, assim como o NihonShoki, são escritos do Xintoísmo onde estão fundamentados assuntos como a legitimidade do imperador e da sua família na casa imperial.
             Ex.: Com base nesses escritos, acredita-se que o Imperador Jimmu era tataraneto de Amaterasu Omikami (deusa do sol) -principal deusa xintoísta como Tsukuyomi Jimmu (deus da Lua) e Susano Mokoto (deus da tempestade) e Isanagi e Isanami (responsáveis pela criação do arquipélago e dos kami citados acima). O culto à Amaterasu ocorre no principal templo xintoísta: Santuário Ise.
**São divindades e podem se manifestar de diversas formas, como árvores sagradas, pedras sagradas, como elementos naturais, na forma humana (ikigami), entre outros.


Nos tempos atuais...
Atualmente, a urbanização do Japão afastou muitos nativos de seus laços familiares com templos específicos do budismo e/ou do xintoísmo. Ainda assim, muitos se consideram budistas e xintoístas, visto que em ambas religiões, o mais importante não é a frequência com que se vai ao templo/santuário ou se pratica a religião como muitas religiões monoteístas, mas sim, considera-se a prática de rituais e/ou cultos das religiões correspondentes. Essa característica dificulta a contabilização da quantidade de budistas e/ou xintoístas que existem o Japão. Por causa da fusão das ideologias presentes nas duas religiões, a maioria dos eventos relacionados à “vida” ficou a cargo dos rituais xintoístas, como o registro de crianças ou celebrações pelo seu nascimento, e eventos relacionados à “morte” ou à “vida após a morte” ficam a cargos dos rituais budistas, como o funeral (embora isto não seja uma regra).

No mundo, há vários santuários xintoístas, como no Brasil, Estados Unidos, Austrália, Países Baixos, entre outros e possui potencial para se tornar uma religião global, especialmente com o surgimento de ramos internacionais de santuários shinto.

 




 Links de referência:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Xintoísmo‎
www.br.emb-japan.go.jp

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